Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/11144/6426
Título: Transformação da paisagem em áreas de vale
Autor: Nunes, João Ferreira
Palavras-chave: arquitetura paisagista
Lisboa
vale de Alcântara
paisagem
Data: Mai-2023
Editora: CEACT/UAL
Resumo: Resultado de uma conferência proferida no âmbito dos Seminários I e III “Habitar o Espaço Público”, com a coordenação de Bárbara Silva. Este texto discute o propósito e os princípios que, hoje, presidem a intervenções de transformação da Paisagem a partir da observação de áreas de vale. A Paisagem constrói-se por sobreposições sucessivas, num processo que se iniciou em Eras geológicas há muito passadas, mas em que se verificou exatamente o mesmo tipo de processo que, hoje, justifica a mesma tectónica - por sobreposição - na construção dos diferentes estratos do Antropoceno: a Paisagem corresponde à inscrição de marcas no mundo que resultam de processos únicos, que se verificam, durante mais ou menos tempo, mas apenas uma vez. O período geológico Carbonífero é um excelente exemplo dessa irrepetibilidade - iniciado com o momento em que as plantas se começaram a desenvolver na Terra, eventualmente descendentes das algas que, primeiro que todos, “inventaram” a fotossíntese, vão-se acumular durante milhões de anos os seus materiais constituintes não decompostos, uma vez que as bactérias e fungos então existentes não tinham a capacidade de sintetizar as enzimas necessárias à decomposição das plantas. A partir do momento em que bactérias e fungos “descobrem” como fazê-lo, as plantas deixam de se acumular sem decomposição e os seus materiais constituintes, em vez de se acumularem em espessas camadas, que constituirão os carvões minerais e os petróleos do futuro, são decompostos, reusados e reintroduzidos nos processos ativos do mundo, estabelecendo-se um limite que determina também a irrepetibilidade futura da condição a que corresponde o período geológico. O que mudou tem, de certa forma, que ver com conhecimento, com o conhecimento, por parte das plantas, das técnicas extraordinárias para estabelecer a incrível ponte que liga o mundo mineral ao mundo vivo, para transformar moléculas minerais de Oxigénio, Dióxido de Carbono, Vapor de Água, com o conhecimento, por parte das bactérias e fungos que decompõe os materiais vegetais, das técnicas e dos instrumentos necessários à desmontagem dos materiais vegetais nos seus elementos constituintes… Da mesma forma, pensando agora nas regras da tectónica do Antropoceno, o conhecimento de novas tecnologias tem vindo a transformar a Paisagem, e o exemplo da generalização da tecnologia dos motores a explosão é um excelente exemplo… mas também o conhecimento, para além da novidade tecnológica, gera mudanças na forma de entender o Mundo: por exemplo, drenar uma zona húmida, um pântano infértil e doentio, para produzir terreno agrícola para a produção de comida, que durante milénios foi considerado um benefício consensual, é considerado, hoje, um crime ecológico. Os valores alteraram-se. O que antes era visto, consensualmente, como uma vantagem e um benefício coletivo, passou a ser visto como um crime punível por lei. E isto porque se descobrem coisas, se aprofundam os conhecimentos sobre processos que pareciam benéficos, mas que, de facto, escondiam armadilhas invisíveis. A paisagem vai-se desenhando em constante dinâmica e em consonância com os valores vigentes. A nossa capacidade de perceber as coisas vai definindo a nossa relação com o mundo, e o modo como o transformamos. Ao longo do tempo o homem foi transformando o território, acreditando que o estava a fazer da melhor maneira ou, simplesmente, desconhecendo as possíveis consequências negativas. Não que os que viveram antes de nós fossem criminosos… Não podemos julgar o pensamento dessa época de acordo com o que se pensa nos dias de hoje. A necessidade de solo produtivo na época medieval era política, mas era também proporcional à frequência com que as populações eram expostas à fome… Por outro lado, as zonas húmidas não eram, como são hoje, uma raridade. Da mesma maneira, em relação ao modo como a Paisagem dos Vales se foi construindo, podemos aplicar essa forma de pensar. Nos Vales, os problemas de construção do território são problemas de negociação entre continuidades… A grande questão é decidir que tipo de continuidade nos interessa privilegiar em cada momento. O texto segue uma sequência de imagens, apresentadas ao público em projeção ou desenhadas no momento, pelo que a presente transcrição poderá, em alguns momentos, parecer sinuosa e destruturada, pelo que se considera que a referida sequência de imagens deverá fazer parte integral deste texto.
Revisão por Pares: no
URI: http://hdl.handle.net/11144/6426
metadata.dc.identifier.doi: https://doi.org/10.26619/2182-4339/22.HEP.3
ISSN: 2182-4339
Aparece nas colecções:ESTUDO PRÉVIO - 22 [inverno 2022]

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