A erosão do Estado na África Ocidental

Abstract

A partir da década de 90 do século passado, proliferaram os contextos caracterizados como EFFC, ou seja, o acrónimo para Estados Frágeis, Falhados e em Colapso, revelando as ambiguidades e debilidades da universalização do Estado moderno e de uma construção estrutural, por vezes mais exógena que endógena. Os conflitos ultrapassaram as divergências interestaduais e caracterizam-se, sobretudo, por serem contendas baseadas em redes transfronteiriças que podem ter características étnicas, religiosas, económicas ou outras de carácter ilegal. Os conflitos e a pró- pria guerra são agora privatizados, surgindo paralelamente aos Estados e potenciando o desenvolvimento de economias de guerra, assentes na depredação de recursos naturais, no desenvolvimento de actividades criminosas (como o tráfico de narcóticos, de pessoas e armas), fazendo surgir não só uma economia paralela como estruturas que regulam o que é o papel institucional do Estado. A globalização acelerada e o facto de determinados países não conseguirem acompanhar as expectativas que a comunidade internacional tem do seu desempenho, nem satisfazer as necessidades ao nível interno, muitas vezes fruto de elites que optaram pela construção de sistemas de governação patrimoniais, lançou estes países em ciclos de instabilidade dos quais tem sido difí- cil sair. Em inúmeros casos, o desmantelamento do Estado tem sido tão evidente que a interven- ção internacional directa foi a solução encontrada, apesar de não assegurar a reversão de muitos dos fenómenos ali verificados.