OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
Vol. 14, Nº. 2 (Novembro 2023-Abril 2024)
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A GUERRA AÉREA AUTÓNOMA E A TRANSFORMAÇÃO DO PODER AÉREO
JOÃO PAULO NUNES VICENTE
joao.vicente.6@gmail.com
Coronel Piloto Aviador da Força Aérea Portuguesa (Portugal). Doutor em Relações Internacionais
pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa.
Docente do Doutoramento em Ciências Militares do Instituto Universitário Militar e Investigador
integrado no Centro de Investigação e Desenvolvimento do Instituto Universitário Militar
(CIDIUM). Autor de vários livros e artigos na área do Poder Aéreo, em particular no emprego de
sistemas aéreos não tripulados.
Resumo
O paradigma da Guerra Aérea Autónoma (GAA) revela uma profunda transformação
resultante da exploração da inteligência artificial e de Sistemas Aéreos com Funcionalidades
Autónomas (SAFA), num modelo de colaboração em combate entre o homem e a quina,
afetando as funções operacionais do Poder Aéreo e a sua utilidade política.
O objetivo desta investigação é analisar os modelos operacionais emergentes de GAA por
forma a identificar tendências e implicações para a transformação do Poder Aéreo. A análise
destes modelos operacionais será feita nas dimensões que traduzem a aptidão de uma Força
Aérea para gerar e empregar o Poder Aéreo, nomeadamente, os conceitos de emprego, as
capacidades para operacionalizar os conceitos, a organização que estabelece o referencial
para o uso da força e as pessoas que o tornam possível.
A análise revelou vantagens qualitativas e quantitativas na aptidão de uma força para gerar
e empregar o Poder Aéreo, em termos de eficácia operacional e eficiência de custo e risco,
mas também alguns desafios tecnológicos, organizacionais e humanos. O paradigma
emergente da GAA potencia o aumento da utilidade do Poder Aéreo, melhorando a
disponibilidade, acessibilidade e aceitabilidade do emprego operacional, resultantes da
utilização isolada de SAFA ou em combinão com aeronaves tripuladas em conceitos de
operação em equipa, ou da colaboração entre ltiplos SAFA com elevados veis de
autonomia. Confirma também a tendência de afastamento gradual do homem do ciclo de
decisão e da operação de SAFA individuais, para funções de supervisão de múltiplos sistemas,
auxiliado por inteligência artificial, mas ambicionando reter um controlo significativo sobre a
decisão de emprego de força letal.
Palavras-chave
Poder Aéreo; Guerra Aérea Autónoma; Sistemas Aéreos com Funcionalidades Autónomas;
Inteligência Artificial; Transformação
Abstract
The Autonomous Air Warfare (AAW) paradigm reveals a profound transformation resulting
from the exploration of artificial intelligence and Aerial Systems with Autonomous
Functionalities (ASAF), in a model of collaboration in combat between man and machine,
affecting the operational functions of Air Power and its political utility.
The aim of this research is to analyse emerging AAW operational models to identify trends
and implications for the transformation of Air Power. These operational models will be
analysed in terms of the dimensions that reflect an Air Force's ability to generate and employ
Air Power, namely the concepts of employment, the capabilities to operationalise the concepts,
the organisation that sets the benchmark for the use of force, and the people who make it
possible.
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The analysis revealed qualitative and quantitative advantages in a force's ability to generate
and employ Air Power, in terms of operational effectiveness and cost and risk efficiency, but
also some technological, organisational and human challenges. The emerging AAW paradigm
enhances the utility of Air Power, improving the availability, accessibility, and acceptability of
operational employment, resulting from the isolated use of ASAF, or in combination with
manned aircraft in teaming operational concepts, or from collaboration between multiple ASAF
with high levels of autonomy. It also confirms the trend towards the gradual removal of man
from the decision cycle and from the operation of individual ASAF, towards functions of
supervision of multiple systems, aided by artificial intelligence, but with the ambition of
retaining significant control over the decision to use lethal force.
Keywords
Air Power, Autonomous Air Warfare, Aerial Systems with Autonomous Functionalities, Artificial
Intelligence, Transformation
Como citar este artigo
Vicente, João Paulo Nunes (2023). A Guerra Aérea Autónoma e a transformação do poder aéreo.
Janus.net, e-journal of international relations, Vol14 N2, Novembro 2023-Abril 2024. Consultado
[em linha] em data da última consulta, https://doi.org/10.26619/1647-7251.14.2.6
Artigo recebido em 30 de Junho de 2023 e aceite para publicação em 22 de Agosto de
2023
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A GUERRA AÉREA AUTÓNOMA E A TRANSFORMAÇÃO
DO PODER AÉREO
JOÃO PAULO NUNES VICENTE
Introdução
Victory smiles upon those who anticipate the changes in the character of
war, not upon those who wait to adapt themselves after the changes occur.”
Giulio Douhet (1921)
A transformação do Poder Aéreo no último século, no sentido de incorporar as evoluções
tecnológicas e as lições aprendidas dos conflitos militares, tem mantido inalterada a
natureza das suas funções operacionais, enquanto vem modificando substancialmente o
método como o executadas, as capacidades que são empregues, assim como a
magnitude e precisão dos efeitos obtidos (Melville, 2014: 10-14).
Os imperativos estratégicos para a transformação atual do Poder Aéreo resultam da
identificação, por parte dos Estados Unidos da América (EUA), de lacunas de capacidades
para lidar com a crescente complexidade do ambiente operacional, nomeadamente em
cenários de combate de larga escala (United States Air Force [USAF], 2022). Isto porque,
a elevada complexidade e custo das aeronaves tripuladas modernas, assim como os
longos prazos de desenvolvimento, impedem a acumulação de massa a custos acessíveis,
necessária para alcançar superioridade aérea em ambientes contestados.
Assim, à semelhança da superioridade militar obtida com base nas duas estratégias de
compensação anteriores, assentes na tecnologia nuclear nos anos 50, e nas tecnologias
de bombardeamento de precisão nos anos 70, os EUA iniciaram uma estratégia de
compensação focada na exploração da inteligência artificial e de sistemas autónomos,
num modelo de colaboração em combate entre o homem e a máquina (Department of
Defense [DoD], 2016).
Desta forma, a mudança acelerada do ambiente operacional resultante da emergência
de tecnologias disruptivas, como a autonomia nos sistemas de armas (North Atlantic
Treaty Organization [NATO], 2020), impõe alterações no pensamento estratégico em
termos de formulação e aplicação da estratégia militar. A própria NATO, no seu Plano de
Implementação da Autonomia (2022), ao fomentar o desenvolvimento e emprego
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responsáveis dos sistemas autónomos em apoio das tarefas principais da Aliança,
incentiva os aliados a serem capazes de empregar de forma coletiva “sistemas-de-
sistemas” interoperáveis e gerir de forma eficaz diferentes níveis de autonomia.
Apesar dos sistemas de armas com funcionalidades autónomas existirem há mais de 80
anos (Work, 2021: 5-7), os avanços na área da inteligência artificial introduzem novas
capacidades que incentivam o desenvolvimento e emprego destes sistemas em diversos
ambientes operacionais, por forças armadas ou atores não-estatais (Russell, 2022).
Estamos perante uma nova transformação tecnológica e operacional que resulta do
potencial combinatório de aeronaves tripuladas de combate, armamento e sensores
avançados, com plataformas aéreas não tripuladas com níveis crescentes de autonomia
(Birkey, Deptula, & Stutzriem, 2018), mais concretamente, Sistemas Aéreos com
Funcionalidades Autónomas (SAFA). O seu emprego, com custos mais acessíveis e num
espetro alargado de funções operacionais, permite ampliar os efeitos operacionais e
estratégicos do Poder Aéreo, abrindo portas à emergência de um novo paradigma de
Guerra Aérea, em última análise, Autónoma.
Este artigo expõe algumas das tendências potenciadoras da emergência de um novo
paradigma de Guerra Aérea em resultado da convergência da aceleração tecnológica
exponencial, dos imperativos estratégicos dos Estados e dos incentivos operacionais de
diversos atores para o emprego de SAFA.
Esta mudança no carácter da Guerra acrescenta inúmeros dilemas para quem decide e
emprega o Poder Aéreo, requerendo uma avaliação das transformações no emprego das
forças, em particular no que concerne à interferência humana, e na forma como as
organizações militares se organizam, treinam e adquirem equipamentos, para explorar
os modelos operacionais emergentes (Kainikara, 2018: 19).
Face aos pressupostos em apreço, importa refletir, ao nível estratégico-militar e
operacional, sobre o ambiente operacional futuro, analisando a aceleração dos níveis
crescentes de autonomia nos sistemas de armas aéreos e as suas implicações nos
processos de transformação em curso nas organizações militares de referência.
Assim, o objetivo desta investigação é analisar os modelos operacionais emergentes de
Guerra Aérea Autónoma (GAA) por forma a identificar tendências e implicações da
transformação do Poder Aéreo com potencial para alterar a utilidade deste instrumento
do Poder Militar.
Partindo da observação das realidades específicas de Forças Aéreas de referência em
termos de desenvolvimento, geração e emprego do Poder Aéreo, é possível identificar
tendências que no futuro irão ser replicadas e influenciar a transformação de
organizações militares congéneres. Numa perspetiva de estudo de caso das realidades
nos EUA, Reino Unido e Austrália, a recolha de evidências da aplicação do paradigma da
GAA será feita nas dimensões que traduzem a aptidão de uma Força Aérea para gerar e
empregar o Poder Aéreo, nomeadamente, os conceitos de emprego, as capacidades para
operacionalizar os conceitos, a organização que estabelece o referencial para o uso da
força e as pessoas que o tornam possível (Kainikara, 2019: 10-11).
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Em termos de organização, após a introdução é efetuado um enquadramento conceptual,
seguido da análise da aplicação do paradigma da GAA por organizações militares que
lideram a transformação do Poder Aéreo. Por fim, serão apresentadas as conclusões da
investigação.
1. Enquadramento Concetual
1.1 Poder Aéreo
A análise da doutrina de Forças Aéreas de referência e da estratégia do Poder Aéreo da
NATO ajuda a compreender os aspetos fundamentais deste conceito, nomeadamente os
atributos, as funções operacionais, a definição e a utilidade enquanto instrumento militar.
Apesar das variações contextuais é possível encontrar pontos comuns que importa
realçar.
A concetualização do Poder Aéreo ao longo da sua evolução mostra que a sua natureza
e o seu carácter são distintos de outros instrumentos do poder militar (Vicente, 2013). A
essência e a especificidade deste instrumento derivam da exploração do contexto
geofísico onde se desenvolve, através dos atributos de Altura, Velocidade e Alcance, que
permitem o acesso sem restrições físicas a qualquer ponto do globo, com rapidez e
precisão para projetar força, controlar e condicionar o acesso ao espaço aéreo e de
superfície, recolher informação e/ou influenciar comportamentos através de efeitos
letais, se necessário (NATO, 2018).
A interação entre os atributos do Poder Aéreo permite obter efeitos através de quatro
funções operacionais que, para serem efetivas, têm de ser integradas e sincronizadas,
numa perspetiva conjunta de operações multidomínio, através de uma arquitetura de
Comando e Controlo (C2) robusta e em rede (Figura 1).
Figura 1 Funções Operacionais do Poder Aéreo
Fonte: Adaptado de USAF (2021), Royal Australian Air Force (RAAF) (2022), Ministry of Defence
(MoD) (2022a) e NATO (2018).
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Apesar da geração de Poder Aéreo provir de várias componentes militares, as Forças
Aéreas têm como responsabilidade, competências e capacidades, garantir a aplicação
transversal das funções operacionais em todo o espetro de conflito (Gray, 2012: 277-
278).
Assim, a definição de Poder Aéreo adotada é a da NATO (2018), designadamente, a
“aptidão para coordenar, controlar e explorar o domínio aéreo na prossecução dos
objetivos da Aliança”. Esta definição, que considera o contributo das componentes
militares, assenta numa formulação estratégica em termos de Fins, todos e Meios
(Figura 2).
Figura 2 Formulação estratégica do Poder Aéreo
Fonte: Adaptado de Vicente (2019: 798).
Considerando o constructo em apreço, é possível identificar a utilidade do Poder Aéreo
face ao contributo para alcançar os objetivos políticos (Clodfelter, 1989: 215), estando
diretamente relacionada com a disponibilidade, acessibilidade e aceitabilidade das opções
que apresenta aos decisores, por forma a permitir projetar poder militar e influência, no
espaço e tempo apropriados, para alcançar os efeitos desejados de forma transversal ao
espetro das operações (Blount, 2017: 112-113).
1.2 Guerra Aérea Autónoma
O conceito de GAA não é definido explicitamente na literatura. Assim, para efeitos desta
investigação, entende-se GAA como um paradigma emergente, caraterizado pela
operacionalização de sensorização e letalidade distribuídas, tendo por base a proliferação
de SAFA cada vez mais evoluídos, empregues sob supervio humana, de forma isolada,
em equipas colaborativas com aeronaves tripuladas, ou em grupos alargados de
máquinas, com potencial para afetar qualitativamente e quantitativamente as funções
operacionais do Poder Aéreo, e com isso, alterar a utilidade deste instrumento militar.
Neste âmbito, os SAFA assumem-se como o centro de gravidade de onde emana o
potencial para transformação do Poder Aéreo. Enquanto sistema inclui os componentes
de plataforma aérea (sem piloto a bordo), a carga útil, o elemento humano de controlo
e decisão, a rede de comunicações e todo o equipamento e pessoal necessário para
controlar a plataforma (NATO, 2010: 3). Contudo, o potencial diferenciador deste
conceito reside na aptidão destes sistemas para executarem tarefas complexas com
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níveis elevados de autonomia, afastando o homem da operação das plataformas para
uma função de decio.
A qualificação dos SAFA pode ser efetuada através da análise dos seus elementos
essenciais, nomeadamente, autonomia, intervenção e controlo humano, capacidade
adaptativa e propósito de uso (Taddeo & Blanchard, 2022: 10).
A autonomia, enquanto expressão do grau de aptidão de uma máquina para executar
uma tarefa de forma independente, deve ser vista como um conceito tridimensional,
assente em três variáveis funcionais (Scharre, 2018: 34-40):
O tipo de tarefa realizada, em termos de importância, complexidade e risco;
A relação Homem-Máquina durante a execução da tarefa;
A sofisticação da máquina, expressa em operação automática, automatizada ou
autónoma.
Assim, é mais adequado pensar num espetro de autonomia e em termos de “autonomia
de certas funcionalidades nos sistemas de armas” em detrimento da designação de
“sistema totalmente autónomo” (Scharre & Horowitz, 2015). É precisamente este
enfoque em sistemas aéreos com “funcionalidades autónomas” (SAFA) que fornece uma
perspetiva mais inclusiva na análise da autonomia e da intervenção humana no processo
de tomada de decisão.
Nesta perspetiva, de intervenção e controlo humano, mantém-se inalterada a
competência humana de Comando (na determinação dos objetivos e tarefas a cumprir
pelas forças), enquanto a função de Controlo (na forma de executar as tarefas) poderá
transferir-se gradualmente para as máquinas, de acordo com a complexidade do sistema,
missão e ambiente operacional (Australian Defence Force [ADF], 2020: 29). No entanto,
autonomia e controlo humano não são mutuamente exclusivos, porque, apesar da
intervenção humana ser cada vez mais limitada à medida que os níveis de autonomia
aumentam, deverão garantir-se as medidas necessárias de aprovação humana para o
uso da força letal pelos SAFA (Taddeo & Blanchard, 2022: 11).
A capacidade adaptativa resultante de avanços de inteligência artificial exprime o nível
de sofisticação do sistema em termos de execução de tarefas de forma cada vez mais
autónoma. Isto permite a exploração de novos conceitos de operação resultantes da
agregação de sensores num sistema-de-sistemas, em equipas colaborativas Homem-
Máquina (Loyal Wingman) ou em grupos cooperativos de “enxames” de SAFA
(Swarming), incluindo capacidades letais (Hoehn, Sayler, & DeVine, 2022: 13-19).
O desenvolvimento do conceito de equipa Homem-Máquina assenta em três elementos:
o Homem, a Máquina, e a interação e natureza da relação Homem-Máquina (Chahal &
Konaev, 2021). Neste contexto de equipa, o Homem tem de compreender a sua função
e o sistema de inteligência artificial, e como interagir com ele e com os outros parceiros
humanos (Puscas, 2022: 19). Assim, a evolução deste conceito foca-se numa maior
eficiência da interação entre o combatente, os sistemas tripulados e os SAFA, sendo
expectável (DoD, 2017: 32):
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Inicialmente, a introdução de maior automação e controlo de múltiplas plataformas
por operador;
A curto prazo, a introdução de sistemas com sensores e carga útil mais diversificada
que reduzam o número de missões tripuladas;
A médio/longo prazo, consoante os avanços da inteligência artificial e a crescente
confiança do operador na máquina, aumentar a integração em cenários e com forças
multidominio.
Considerando o propósito de uso, em 2020, mais de 102 países operavam SAFA
(Gettinger, 2020), identificando-se na Figura 3 as tipologias de funções autónomas em
fase de desenvolvimento.
Figura 3 Tipologias de funções autónomas
Fonte: Adaptado de Boulanin e Verbruggen (2017: 19-35).
No que concerne ao emprego operacional, o uso massivo no Afeganistão e Iraque incidiu
em sistemas controlados remotamente em missões de ISR
1
, ataque e relé de
comunicações, sendo que a expansão futura irá abranger todas as funções operacionais
do Poder Aéreo (Hoehn et al., 2022).
1
Atividades de Informações, Vigilância e Reconhecimento que visam obter uma maior consciência do espaço
de batalha através da recolha, processamento, exploração e disseminação de informações precisas e atuais
(AJP-3.3, 2016: 1-15-1-16).
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A utilidade operacional dos SAFA, quando comparada com a opção tripulada, decorre dos
seus atributos morfológicos (aeronave sem tripulação a bordo) e funcionalidades
autónomas, sendo particularmente relevantes em atividades dull, dirty, dangerous,
demanding, different(Alkire, Kallimani, Wilson, & Moore, 2010: 25-26). Para além de
eliminarem o risco físico para o piloto, mitigam os desafios operacionais resultantes das
limitações humanas, ao nível fisiológico (duração e esforço) e cognitivo (fusão de
informação e tomada de decisão), promovendo maior eficiência económica no ciclo de
vida útil da capacidade (Hoehn & Kerr, 2022: 2). Isto inclui também uma diminuição dos
recursos humanos necessários para a operação de SAFA mais avançados, possibilitando
uma tipologia de supervisão humana de múltiplas plataformas, com consequentes
poupanças na formação e treino operacional (Boulanin & Verbruggen, 2017: 63).
Assim, a crescente autonomia possibilitará uma maior consciência situacional do espaço
de batalha, resultante da vigilância persistente autónoma, fusão de informação e apoio
à decisão, permitindo uma resposta mais rápida, se necessário com força letal, através
de maior eficiência do processo de targeting (Laird, 2021: 12). Para além disso, exprime
uma maior aceitabilidade para atrição material face ao custo e risco envolvidos, bem
como um aumento de flexibilidade e rapidez de atualização das plataformas, fruto da
redução de complexidade dos processos de engenharia, logísticos e de sustentação ao
longo do ciclo de vida (Laird, 2021: 14).
Nesse sentido, e considerando a redução de população disponível para o serviço militar,
a motivação para o emprego crescente de SAFA estará dependente da eficácia militar,
custo e risco, comparativamente com as capacidades tripuladas (Noyes, 2019: 33-34).
Apesar da utilidade dos SAFA resultante dos atributos em apreço, a sua operacionalização
apresenta vários desafios que importa analisar.
A proliferação destes sistemas entre atores com menores constrangimentos éticos e
legais, contribui para uma corrida aos armamentos e um alargamento da conflitualidade
(Torossian et al., 2021: 23-25). Isto porque, apesar do desenvolvimento, aquisição e
operação de SAFA avançados requererem atualmente um investimento substancial, à
medida que a disseminação tecnológica progride, também se reduzem os custos de
edificação, alargando a base de utilizadores.
Uma análise de emprego de sistemas aéreos não tripulados por parte de atores não-
estatais identificou 440 casos de ataques letais entre 2016 e 2020, a sua grande maioria
no Médio Oriente e África (Haugstvedt & Jacobsen, 2020). Do Hezbollah no Líbano, aos
Houtis no Iémen, o Estado Islâmico no Iraque e ria, ou os cartéis de droga no México,
a utilização destes sistemas é recorrente, bastando apenas incorporar o software
disponível on-line em plataformas comerciais ou fabricadas localmente. Desta forma,
níveis crescentes de autonomia e letalidade conferem novas capacidades aéreas a atores
não-estatais. Enquanto os sistemas mais sofisticados, pelo seu custo, complexidade
tecnológica e logística, estão reservados a Estados, verifica-se uma democratização do
emprego de sistemas civis “militarizados”, incorporando níveis crescentes de inteligência
artificial, facilmente transformados para uso da força letal.
As lições e conhecimento adquiridos durante o conflito da Ucrânia, com o emprego de
milhares de sistemas aéreos, de forma distribuída e integrados em rede, ameaça
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acentuar a magnitude deste desafio acelerando a democratização da letalidade da Guerra
Aérea. Isto porque, a proliferação de plataformas baratas e descartáveis, com
armamento letal, permite uma capacidade de ataque de precisão a baixo custo, que
apesar da elevada atrição, pode ser facilmente reposta em resultado da sua
acessibilidade comercial. Contudo, à medida que são introduzidas plataformas com níveis
mais elevados de intelincia artificial, integradas num sistema-de-sistemas, é possível
confirmar as tendências transformadoras que irão afetar o emprego futuro de forças.
Na vertente defensiva, a proliferação da ameaça obriga a considerar contramedidas para
(ADF, 2020: 44-50): disrupção da forma como o sistema perceciona o ambiente (e.g.
empasteladores, lasers, micro-ondas, etc); interferência nos seus elementos de controlo
(e.g. operações ciber ou de guerra eletrónica); alteração da qualidade dos dados
necessários para execução de funcionalidades autónomas (e.g. manipulação ou alteração
de dados); e destruição física da plataforma.
Em termos de C2, verificam-se desafios adicionais associados ao conceito de emprego,
nomeadamente (Wassmuth & Blair, 2018):
No conceito de Loyal Wingman os desafios são mais reduzidos, uma vez que esta
modalidade tem atributos similares às operações tradicionais entre aeronaves
tripuladas, em que o piloto comandante tem conhecimento e confiança nas
capacidades do parceiro, efetua a comunicação e estabelece as táticas adequadas de
apoio mútuo;
No contexto de Swarming, o homem deixa de ter controlo direto sobre as ões
individuais dos elementos do enxame, e a sua ação de comando é efetuada sobre o
grupo, selecionando algoritmos que regem o comportamento e as capacidades da
entidade coletiva.
Os desafios em apreço aumentam quando se debate a legalidade de emprego de SAFA
letais.
2
Ao fim de uma década de discussão nas Nações Unidas, apenas foi possível
concordar em 11 princípios orientadores relativos ao desenvolvimento e emprego destes
sistemas (United Nations, 2019). Contudo, 70 países, liderados pelos EUA, incluindo
Portugal, reconhecem a necessidade de um enquadramento normativo e operacional que
regule os SAFA letais (United Nations, 2022). Assim, a moldura legal que vier a ser
acordada terá de contemplar um determinado nível de controlo humano que permita
antecipar, administrar e monitorizar a operação, desempenho e efeitos dos SAFA letais
(Boulanin, Bruun, & Goussac, 2021).
Existem diferentes perspetivas sobre os mecanismos para operacionalizar um princípio
de controlo humano significativo (Ekelhof, 2019; Eklund, 2020; Kwik, 2022), onde se
destacam os parâmetros (Boulanin, Davison, Goussac, & Carlsson, 2020: 36-37): de uso
do sistema de armas (medidas de restrição de ataque); o ambiente onde é empregue
2
Para uma análise mais detalhada ver Vicente, J. (2023). The Dilemma of Human Interference in War: The
Coming Revolution of Autonomous Air Warfare.
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(limitando a áreas onde o estejam civis presentes); e a interação Homem-Máquina
(permitindo ao homem a intervenção direta na ação do sistema).
Esta amplitude do controlo humano sobre os SAFA deve ser vista mediante as perspetivas
sistémicas do ciclo de vida (da fase de desenho, produção, teste, operação e abate), da
complexidade funcional (por forma a identificar os componentes com funções
autónomas), e do ciclo de decisão (com enfoque primordial na fase de “decisão” de
emprego de armamento) (Chavannes & Arkhipov-Goyal, 2021: 64-68).
Uma vez que a intervenção humana no processo de tomada de decisão de uma missão
(por exemplo no ciclo de targeting) ocorre de forma distribuída pela cadeia de comando,
dos níveis táticos ao nível estratégico e mesmo político, também a definição dos
parâmetros de controlo humano significativo deve ser feita ao nível da organização
militar, e não exclusivamente em referência à relação entre o homem (operador) e o
sistema de armas (autónomo) (Ekelhof & Paoli, 2021).
2. Aplicação do paradigma da Guerra Aérea Autónoma
O processo de transformação em curso é liderado pelos EUA e em particular pela USAF,
enquanto líderes das iniciativas de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (ID&I),
industrialização e operação de SAFA numa panóplia alargada de capacidades e tipologias
de emprego. Adicionalmente, este processo está também em curso, numa magnitude
mais reduzida, no Reino Unido e Austrália.
Esta análise será feita nas dimensões de conceitos de emprego, capacidades, organização
e pessoas.
2.1 Estados Unidos da América
O imperativo político para a transformação resulta da identificação de uma lacuna de
capacidades derivada da complexidade e custo elevado das aeronaves tripuladas, que
impedem a sua produção e emprego em quantidades suficientes para alcançar o domínio
tático aéreo em determinados ambientes operacionais futuros, em particular na zona do
Pacífico num conflito com a China (USAF, 2022).
Esta lacuna será mitigada através da iniciativa Next Generation Air Dominance que inclui
uma nova aeronave tripulada de combate de geração, armamento e sensores
avançados, e um conjunto de SAFA, a desenvolver sob a égide do programa “Aeronave
de Combate Colaborativa”, formando um sistema-de-sistemas e operando num conceito
em equipa que permite a massificação de plataformas a custos acessíveis (Trevithick,
2023). A modularidade permite o ajustamento de capacidades consoante o tipo de
missão, contribuindo para uma redução de custos de produção em resultado da maior
especialização tática dos SAFA (Losey, 2022). Adicionalmente, os SAFA poderão ser
empregues de forma colaborativa, controlados a partir de múltiplas aeronaves tripuladas
ou estações de superfície. Contudo, em termos de prioridade, a USAF pretende adquirir
uma frota inicial de 1.000 SAFA, primariamente para operar em equipa com 300 F-35 e
com 200 aeronaves de 6ª geração (Trevithick, 2023).
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Em termos de conceito de emprego, este ecossistema diverso, distribuído e disruptivo,
de sensores, armamento e equipamentos de guerra eletrónica dedicados, integrados em
equipas tripuladas e de SAFA especializados, contribui para uma maior flexibilidade e
agilidade de resposta aos cenários de emprego do Poder reo (Trevithick & Rogoway,
2022). Desta forma, a especialização de funções, a massificação de força e a penetração
em profundidade em ambientes contestados, permitem saturar os adversários com maior
complexidade, imprevisibilidade e quantidade (USAF, 2019: 8).
As vantagens de conectar vários SAFA em equipa com uma aeronave tripulada num
conceito de Loyal Wingman são óbvias, em termos de alocação de tarefas nas diversas
fases da missão (Hoehn et al., 2022, p. 14), aumentando a (Patti, s.d.: 26):
Consciência situacional do piloto resultante da sensorização distribuída;
Capacidade letal e da resistência à interferência eletromagnética adversária;
Sobrevivência da aeronave tripulada, permitindo uma maior assunção de risco na
operação em ambientes com ameaças.
Em termos de tipologia de operações aéreas, o emprego de SAFA em equipa com
aeronaves tripuladas tem utilidade transversal às funções operacionais do Poder Aéreo,
conforme Figura 4.
Figura 4 Ecossistema de Plataformas Colaborativas Autónomas
Fonte: Adaptado de Lee e Gunzinger (2022: 9).
Para além do foco nas funções de combate e ISR, a aplicabilidade destas capacidades
estende-se a diversas tipologias de missões, como ações de deceção, funcionando como
chamarizes para ajudar a identificar e saturar defesas antiaéreas adversárias,
contribuindo para aumentar a sobrevivência das plataformas tripuladas (Nurkin, 2020).
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Adicionalmente, têm potencial de aplicação na Mobilidade Aérea e nas suas tipologias
táticas de transporte aéreo (carga, apoio médico, busca e salvamento) e reabastecimento
aéreo (Hetherington, 2022). Podem também ser empregues em apoio ao treino das
tripulações, em funções de aeronaves adversárias, permitindo uma redução de custos e
uma maior eficiência na gestão das aeronaves tripuladas.
Outro conceito em desenvolvimento na USAF envolve a gestão humana de “enxames” de
SAFA (Swarming) com elevada consciência do ambiente externo e do estado dos
elementos da equipa, capazes de operar numa rede colaborativa de Máquina-Máquina
(USAF, 2016: 43). Este conceito tem inúmeras aplicações operacionais em tarefas de
ISR, vigilância e proteção de infraestruturas, deteção de alvos e ataque distribdo,
saturação de defesas adversárias, proteção da força ou contramedidas face a enxames
adversários (Ekelhof & Paoli, 2020: 49).
Figura 5 Espetro de capacidades
Fonte: Gunzinger e Autenried (2020: 12).
Figura 6 Vantagens de SAFA reutilizáveis
Fonte: Adaptado de Gunzinger e Autenried (2020: 28-29).
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Em termos de edificação de capacidades, a tendência que serve de referência ao
desenvolvimento e operacionalização dos diversos projetos assenta em SAFA reutilizáveis
(Figura 5), com vantagens como indicado na Figura 6.
A experimentação em curso funciona como mecanismo de redução de risco, permitindo
acelerar o desenvolvimento das capacidades e a integração de SAFA semiautónomos de
combate com as aeronaves tripuladas de geração, assim como melhorar a
compreensão dos desafios e requisitos organizacionais resultantes da sua inserção nas
Esquadras de Combate, em termos de planeamento de missão, táticas e técnicas de
operação, programas de manutenção e estruturas de força (Insinna, 2022).
Dessa forma, ao nível dos fatores organizacionais, a introdução operacional de SAFA
estará dependente da forma gradual como o conceito de equipa Homem-Máquina for
integrado na estrutura de força (DoD, 2017: 21):
A curto prazo, a evolução ocorrerá na melhoria da segurança e eficiência operacional,
nomeadamente, na separação de tráfego aéreo de modo a evitar colisões;
Posteriormente, o foco será no apoio operacional em diversos cenários, como o
acompanhamento em formação de aeronaves tripuladas;
No futuro, a condução de operações integradas Homem-Máquina em ambientes
contestados, através de “enxames” de SAFA heterogéneos, capazes de apoiar forças
no terreno através de ISR ou ataque.
Apesar dos avanços registados, ainda não existem certezas acerca das alterações
organizacionais ao nível das esquadras de voo, nem do perfil formativo das pessoas que
as integram, sendo cruciais as competências especialistas nas áreas de computação e
tratamento de informação (Trevithick, 2022).
Em termos dos fatores humanos, as capacidades disponibilizadas io permitir o exercício
de C2 humano sobre o SAFA, desde a atribuição pelo piloto de ordens de execução
específicas, até à possibilidade de delegação de tarefas dedicadas, executadas com base
em funcionalidades autónomas (Altman, 2022). Necessariamente, isto obrigará também
a uma evolução das funcionalidades autónomas das aeronaves tripuladas, em áreas
como a fusão de informação, proteção da aeronave e uma interface Homem-Máquina
mais eficiente. Desta forma, será possível ultrapassar os constrangimentos da
modalidade tradicional de pilotagem por controlo remoto, libertando o homem das
tarefas ticas específicas para se concentrar na imagem tática alargada, enquanto
gestor de sistemas (Rogoway, 2020).
Assim, à medida que os níveis de autonomia aumentam, verifica-se uma redução do
esforço imposto ao elemento humano para controlar, dirigir ou atribuir tarefas ao SAFA
(Penney & Olsen, 2022: 12). Neste sentido, o modelo colaborativo Homem-Máquina
assenta num conceito de autonomia flexível que permite explorar o espetro de controlo
humano face à tipologia de missão, às condições do ambiente operacional e aos níveis
de sofisticação do SAFA (Endsley, 2015: iv-v).
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No que concerne à operacionalização de “enxames” de SAFA, verifica-se uma maior
complexidade do envolvimento humano no processo de controlo e decisão, uma vez que
(Ekelhof & Paoli, 2020: 3):
O controlo direto sobre um número elevado de plataformas torna-se impossível ou
contraprodutivo em termos operacionais, obrigando a confiar nos algoritmos
responsáveis pela gestão do “enxame” (voo em formação, navegação, distribuição de
tarefas, identificação de alvos etc);
Em adição à interação Homem-Máquina verifica-se uma colaboração Máquina-Máquina
entre os elementos do “enxame” que dificulta a definição das regras individuais e de
comportamentos desejados.
Assim, a conversão do conceito em capacidade operacional implica primordialmente um
desempenho efetivo e a confiança dos pilotos que irão operar de forma colaborativa com
os SAFA, e dos decisores responsáveis pelo emprego de força letal. Isto requer a
compreensão das dinâmicas da equipa Homem-Máquina, por forma a orientar o
desenvolvimento tecnológico, nomeadamente, no desempenho e confiabilidade dos
SAFA, às modalidades de controlo humano em ambientes contestados e na gestão da
carga de trabalho resultante das operações em equipa (Penney, 2022: 35-37).
Por enquanto, verifica-se um desfasamento de perceções entre operadores (pilotos) e
engenheiros, acerca dos níveis de autonomia necessários para atingir os
comportamentos desejados e os requisitos de desempenho operacional para a rápida
implementação de sistemas efetivos (Penney & Olsen, 2022: 2). Logo, a evolução futura
será ditada pela comunidade operacional, com base na melhoria da ligação entre efeitos
operacionais e as soluções tecnológicas para os alcançar, requerendo orientação
estratégica que garanta maior coerência nos esforços de desenvolvimento (Penney &
Olsen, 2022: 4).
Por outro lado, o desenvolvimento de sistemas autónomos letais depende também da
regulamentação legal e ética vigente. No caso dos EUA, a regulamentação não proíbe o
uso de sistemas autónomos, mas obriga à sua aprovação por um painel de alto nível,
tendo por base uma análise rigorosa dos requisitos técnicos, em termos de verificação,
validação, teste e avaliação operacional do software e hardware (DoD, 2023). Para além
disso, estipula o cumprimento dos princípios éticos definidos na Política de Inteligência
Artificial do DoD (2022), bem como, garante a necessidade de mecanismos adequados
de controlo humano no processo de decisão de força letal, incluindo sistemas cinéticos e
não-cinéticos e munições guiadas, capazes de selecionar e atacar alvos de forma
independente (DoD, 2023).
Considerando o estado atual da inteligência artificial, que ainda não permite adaptações
a mudanças drásticas nas tarefas ou ambiente, ou as contramedidas que interferem no
desempenho das máquinas, a que acresce a tendência humana de confiar em demasia
na tecnologia (bias de automação), pode-se incorrer num elevado potencial de erro, com
danos colaterais e fratricídio, ou agravamento da conflitualidade (Gray & Ertan, 2021:
11-12). Contudo, as ameaças e lacunas de capacidades com que os EUA se confrontam
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podem motivar a assunção de maiores riscos para operacionalizar rapidamente SAFA,
em detrimento de soluções totalmente fiáveis, mas mais morosas (Lee & Gunzinger,
2022: 23).
2.2 Reino Unido
A Royal Air Force (RAF) considera imperativo o desenvolvimento de um sistema-de-
sistemas distribuído, integrando capacidades tripuladas, armamento e sensores
sofisticados, e SAFA, para alcançar, a custos sustentáveis, os níveis de letalidade e
sobrevivência necessários para operar no ambiente operacional futuro (Bronk, 2021: 5).
Este imperativo assenta no programa Future Combat Air System, com horizonte 2035,
que congrega um ecossistema de aeronaves tripuladas (aeronave de geração Tempest
capaz de operar em modo não tripulado) e SAFA de diversas categorias (RAF, s.d.). Tal
como nos EUA, o desenvolvimento de tecnologias e conceitos ocorre no âmbito de um
ecossistema alargado de aceleradores, laboratórios tecnológicos e Esquadras de voo
dedicadas ao teste, avaliação, verificação e validação das soluções, congregando um
conjunto de parcerias entre entidades militares, indústria e academia (Payne, 2022: 31).
Na visão futurista e ambiciosa do Chefe da RAF, o processo de transformação envolve a
demonstração de conceitos e a exploração de novos modelos escaláveis de SAFA,
recorrendo à manufatura aditiva ou sistemas comerciais modificados com sensores
especializados, culminando na entrega de uma capacidade operacional capaz de operar
de forma colaborativa com aeronaves tripuladas (incluindo F-35 ou Typhoon existentes
no inventário) ou em modalidades de Swarming (Wigston, 2022).
A aposta no Swarming levou a RAF a edificar uma Esquadra de Teste e Avaliação dedicada
à experimentação de SAFA, tendo realizado voos com 20 plataformas em operação
colaborativa (Payne, 2022: 17). Os resultados revelam o potencial para confundir e
saturar as defesas aéreas adversárias, indicando uma capacidade operacional útil e
relevante para ser empregue em combate (Wigston, 2022).
Na dimensão das capacidades, é possível deduzir que (MoD, 2018: 54-55):
É crucial explorar os desenvolvimentos tecnológicos no setor comercial através de
parcerias entre a Defesa e a Indústria;
Os avanços tecnológicos das funcionalidades autónomas (e.g. precisão, navegação,
reconhecimento de imagem, armamento) tornam mais acessível a exploração de
sistemas comerciais, permitindo o alargamento de utilizadores de capacidades
operacionais, até ao momento, restritas apenas a Forças Aéreas avançadas;
A massificação de SAFA de baixo custo, tecnologicamente avançados, levará a uma
alteração da estratégia aérea ocidental de superioridade qualitativa com base nos
atributos da plataforma tripulada, para uma valorização dos atributos da força, em
modalidade de emprego em equipa Homem-Máquina.
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No que concerne aos aspetos organizacionais, apesar da introdução massiva de SAFA e
de níveis de automação crescente em diversas tarefas, ainda não são claras as
implicações estruturais práticas, quer seja em termos de organização tática (e.g.
comando em combate) ou estratégica (e.g. impacto na organização por componentes)
(Payne, 2022: 31-32).
Em termos das pessoas, a introdução de maior autonomia nos SA tem como requisito
subjacente o controlo humano sobre os SAFA, respeitando os princípios legais e éticos
basilares (MoD, 2022b). Apesar da RAF operar sistemas ofensivos capazes de identificar
e atacar alvos previamente programados, ainda não dispõe de sistemas que integrem as
funções de reconhecimento e ataque de forma completamente autónoma (Payne, 2022:
15). Nesse sentido, ao nível político, reafirma-se a intenção de não desenvolver sistemas
aéreos armados totalmente autónomos, definindo-se que a sua operação será sempre
efetuada sob controlo humano, como garantia de supervisão, autoridade e
responsabilização (MoD, 2022a: 12).
A evolução futura das capacidades dos SAFA será condicionada, não só pela tecnologia,
mas antes de tudo, pela confiança neles depositada por quem os emprega, em particular,
da forma como respondem ao comando humano, cada vez mais abstrato à medida que
os níveis de inteligência artificial aumentam, obrigando a mecanismos que assegurem a
segurança do funcionamento, incluindo no domínio eletromagnético, a eficácia
operacional e a responsabilização humana (MoD, 2018: 54).
O investimento imediato na educação terá reflexos a longo prazo. Neste contexto, são
necessárias novas competências humanas, em termos de análise de dados e engenharia
digital, que deverão ser adquiridas de forma rápida e ágil, a par com uma nova forma de
treinar as pessoas, com recurso a meios virtuais e sintéticos (Mehta, 2021). Contudo, a
especialização técnica implica maior dificuldade de recrutamento e retenção face à
concorrência do mercado civil (Macfarlane & Christie, 2022: 3).
Figura 7 Processo de implementação de SAFA no Reino Unido
Fonte: Adaptado de MoD (2018: 12-13).
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Face aos pressupostos em apreço, e tendo a ambição de alcançar, em 2040, um rácio de
SAFA/plataformas tripuladas de 80/20 (Bronk, 2021: 9), é possível antecipar três fases
de implementação operacional de SAFA (Figura 7).
2.3 Austrália
A RAAF não tem doutrina específica publicada referente aos SAFA, optando por integrar
os sistemas autónomos no âmbito da estratégia de transformação holística para uma
Força Aérea de geração, assente no reforço da inteligência humana com inteligência
artificial (RAAF, 2019).
Adicionalmente, grande parte das vantagens e preocupações identificadas são
transversais às organizações congéneres estudadas, revelando assim, a relevância da
aplicação do paradigma de GAA, mesmo para um Estado com recursos e ambições mais
reduzidas.
Em termos de conceitos e capacidades, a perspetiva do Chefe da RAAF (Laird, 2021: 19-
20) permite compreender a natureza da transformação em curso, em que o potencial da
GAA será operacionalizado através de um processo de inovação e novas formas de
pensar:
Os sistemas autónomos irão permitir uma vantagem militar significativa em termos
de decisões mais rápidas, eficiência de alocação de recursos e novas formas de criar
efeitos militares, onde a convergência de inteligência artificial e a modalidade de
operação em equipa Homem-Máquina terão um impacto fundamental no Poder Aéreo
do futuro;
O objetivo é fornecer uma vantagem de capacidade através da integração de
plataformas existentes tripuladas de combate, C2 e ISR, com SAFA de diversas
tipologias, experimentando conceitos de emprego inovadores, que irão alterar a forma
como o risco do emprego do Poder Aéreo é calculado;
Neste paradigma de GAA, o produto operacional das capacidades aéreas deve ser
visto, não de forma individual ou isolada, mas numa perspetiva multidominio
integrada num sistema-de-sistemas, em que a ligação em rede de sensores
distribuídos permite a fusão de informação em conhecimento, a velocidades aaqui
inalcançáveis;
Alguns dos sistemas de armas em operação (F-35 e P-8) e em aquisição (SAFA MQ-
4C Triton com entregas para 2024) estão preparados para operarem em rede numa
modalidade de equipa Homem-Máquina;
Estão em curso esforços de integração de sistemas tripulados novos e existentes com
SAFA, com diferentes veis de controlo humano, sendo o protótipo MQ-28A Ghost
Bat, desenvolvido em parceira da indústria australiana com a Boeing no âmbito do
projeto Loyal Wingman, um exemplo central na estratégia de transformação, com
aplicabilidade nas funções operacionais de Luta Aérea, Ataque e ISR. Este projeto
serve como embrião para o desenvolvimento dos algoritmos de inteligência artificial
que vão modelar as funcionalidades autónomas dos conceitos de operações futuros;
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Os SAFA são o vetor mais visível do processo de transformação da RAAF, que reflete
a necessidade de introdução da automação e inteligência artificial nos processos
organizacionais e operacionais, com ênfase nas tarefas humanas previsíveis,
repetitivas e pouco criativas. Contudo, não se trata de substituir pessoas por
máquinas, mas expandir as funções operacionais, através da sinergia da operação
Homem-Máquina, em que o elemento humano, o recurso mais escasso nas
organizações militares do futuro, irá focar-se nas tarefas mais remuneradoras, que
exijam criatividade.
Na dimensão organizacional, a doutrina conjunta (ADF, 2020) reflete os princípios
orientadores para o desenvolvimento e integração dos sistemas autónomos na estrutura
da Defesa, nomeadamente, através dos requisitos de capacidade essenciais para
enquadrar o processo de transformação. Nesse sentido, será crucial determinar um
equilíbrio entre quantidade e qualidade no sistema de forças, garantindo que a maior
tolerância à atrição de sistemas de baixo custo é balanceada com a aquisição de sistemas
tripulados sofisticados (ADF, 2020: 39).
Figura 8 Processo de Implementação de SAFA na Austrália
Fonte: Adaptado de ADF (2020: 54-56).
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Ao nível das pessoas, em linha com as congéneres, também a Austrália destaca a
confiança no desempenho dos SAFA como um atributo essencial para a exploração plena
das suas capacidades, e enquanto processo continuo, deve ser testado, validado e
treinado num conjunto alargado de cenários simulados e reais, por forma a criar uma
compreensão detalhada do funcionamento, em termos de potencialidades e
vulnerabilidades (ADF, 2020: 32). De igual forma, ao nível ético, é também reafirmado
o requisito do controlo humano significativo sobre o uso da força letal, confirmando a
objeção a que uma máquina possa tirar uma vida humana por decisão independente
(ADF, 2020: 24-25).
Em termos de implementação de SAFA no sistema de forças e a priorização de esforços,
estes podem incluir três modalidades sequenciais ou simultâneas conforme indicado na
Figura 8.
Em suma, o debate australiano acerca dos sistemas autónomos foca-se, entre outros
fatores (Troath, 2023: 15):
Na função determinante da interação entre a Defesa, Academia e a Indústria para o
desenvolvimento das capacidades;
Na centralidade da modalidade de controlo humano;
Na ênfase da confiança na autonomia;
Na necessidade de um enquadramento ético para o desenvolvimento e operação;
No requisito de interoperabilidade com parceiros e aliados;
No desejo de reduzir o risco para os militares;
No requisito para o desenvolvimento de sistemas baratos, pequenos e de uso
especializado.
Conclusões
O homem continuará a ser o centro de gravidade da Guerra Aérea futura, onde a natureza
permanece constante, mas cujo carácter será inexoravelmente alterado em resultado da
proliferação de sistemas aéreos com funcionalidades cada vez mais autónomas.
A contextualização do paradigma da GAA, sob a perspetiva da utilidade operacional e
desafios associados ao emprego generalizado de SAFA cada vez mais evoluídos, permite
identificar a sua relevância militar e o impacto nas funções operacionais, e como tal, na
formulação estratégica do Poder Aéreo. Ao mesmo tempo, revela a natureza do debate
acerca dos constrangimentos para o desenvolvimento e integração futura dos SAFA nos
sistemas de forças militares. Este processo de transformação irá continuar a decorrer à
medida que novas funcionalidades são validadas operacionalmente, à semelhança do
processo iterativo, centrado na comunidade operacional, que tem sustentado o
desenvolvimento do Poder Aéreo ao longo da sua história.
Considerando a imprevisibilidade do ambiente operacional futuro, e tal como os conflitos
do Afeganistão e Iraque tiveram efeito detonador para a emergência e proliferação inicial
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de sistemas reos operados remotamente, também a renovada perspetiva de
conflitualidade entre grandes potências permite antecipar a mitigação de alguns dos
obstáculos e acelerar o desenvolvimento e introdução de sistemas mais complexos e
novos modelos operacionais.
O caso do conflito da Ucrânia parece confirmar a tendência de democratização do Poder
Aéreo, assente no emprego massivo de sistemas aéreos de baixo custo e descartáveis,
maioritariamente adaptados de plataformas civis, capazes de ataques de precisão a alvos
de elevado valor. De forma complementar, as potências internacionais desenvolvem
SAFA cada vez mais sofisticados e com elevados níveis de autonomia, com o objetivo de
colmatar a lacuna atual de operação em ambientes contestados.
O processo de formulação de Estratégia tenta articular, de forma equilibrada, os meios e
os fins, procurando submeter opções de resposta que sejam politicamente aceitáveis e
exequíveis em termos de risco e recursos. De igual forma, a Estratégia deve servir de
ponte para ligar o emprego da força militar com os objetivos políticos e efeitos desejados.
Os conceitos de operação apresentados, assentes em avanços tecnológicos exponenciais
da inteligência artificial abrem novas aplicações operacionais que permitem redefinir a
Estratégia Aérea. Neste novo modelo operacional será possível orquestrar um
ecossistema diverso, distribuído e disruptivo de plataformas tripuladas e sistemas com
elevada autonomia, empregues em equipas colaborativas Homem-Máquina e quina-
Máquina. Desta forma, é possível estratificar o emprego das capacidades aéreas, num
espetro de ambientes permissivos a contestados, numa panóplia alargada de missões,
de acordo com os efeitos desejados, o nível de ameaça existente e o risco de atrição,
potenciando a sobrevivência dos meios tripulados.
Ao remover do cálculo estratégico e do impacto político o risco associado à atrição
humana torna-se mais aceitável o emprego do instrumento militar, não como último
recurso, mas como modalidade preferencial. Assim, ao limitar os custos apenas ao vetor
material, a Guerra poderá tornar-se politicamente mais aceitável e frequente.
A análise da aplicação do paradigma da GAA pelos EUA, Reino Unido e Austrália revelou
vantagens qualitativas e quantitativas na aptidão de uma força para gerar e empregar o
Poder Aéreo, em termos de eficácia operacional e eficiência de custo e risco, mas também
alguns desafios tecnológicos, organizacionais e humanos. As tendências analisadas
servem como aviso antecipado acerca das transformações que estão a moldar a geração
e emprego do Poder Aéreo futuro, permitindo a identificação das oportunidades, assim
como de medidas de mitigação dos desafios.
Neste sentido, a transformação em curso, resultante da proliferação de SAFA evoluídos,
tem reflexos nas dimensões de conceitos de emprego, capacidades, organização e
pessoas.
Os conceitos de emprego colaborativos, de forma transversal às funções do Poder Aéreo,
com reforço das interfaces Homem-Máquina, potenciam uma consciência situacional
acrescida resultante da sensorização desagregada e distribuída em rede, assim como um
aumento de sobrevivência e da defesa em profundidade, afastando e preservando o
piloto dos rigores da frente de combate.
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O enfoque na cooperação de ID&I entre entidades militares e civis, e na experimentação
e validação operacional de tarefas cada vez mais complexas, procurando alcançar
elevados níveis de segurança e de desempenho operacional, irão traduzir-se em maior
confiança dos utilizadores, decisores e público.
A integração gradual nas estruturas de forças, em tipologias de missões onde existam
ganhos operacionais, económicos e humanos, será feita numa perspetiva de reforço e
expansão das capacidades tripuladas existentes ou mesmo, de substituição futura de
capacidades.
O sucesso da transformação está dependente da capacidade de recrutar, educar e reter
recursos humanos com elevadas competências técnicas, operacionais e de liderança,
permitindo uma melhor compreeno das potencialidades, limitações e desafios
associados às novas capacidades militares.
Em resultado dos benefícios e dos desafios que envolvem a implementação do paradigma
de GAA, antecipa-se um processo de mudança incremental, operacional, organizacional
e cultural, com introdução gradual de SAFA sujeitos a um controlo humano significativo,
até que as capacidades adaptativas sejam adequadas e confiáveis para lidar com
ambientes dinâmicos e incertos. Desta forma, à medida que a tecnologia progride, a
confiança aumente e a necessidade operacional cresça, irá acentuar-se a tendência de
afastamento do homem do ciclo de decisão e do controlo direto sobre SAFA individuais,
para uma função de operação em equipa Homem-Máquina, e gradualmente, de
supervisão do enxame através de uma maior abstração do comando.
Conclui-se, reconhecendo que o paradigma emergente da GAA potencia o aumento da
utilidade do Poder Aéreo, melhorando a disponibilidade, acessibilidade e aceitabilidade
do emprego operacional, resultantes da utilização isolada de SAFA, da combinação com
aeronaves tripuladas em conceitos de operação em equipa, ou da colaboração entre
múltiplas plataformas com elevados níveis de autonomia.
À medida que se desenvolve este ecossistema diverso, distribuído e disruptivo,
governado por complexos algoritmos de inteligência artificial, importa continuar a
garantir, enquanto imperativos ético e legal, o controlo humano significativo durante o
processo de decisão de uso da força letal.
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